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segunda-feira, 5 de março de 2018

Minha outra desilusão na rússia - Emma Goldman

"A perseguição aos anarquistas em um país possuído e completamente controlado pelo Estado, como na Rússia, é quase impossível se viver sem a “misericórdia” do governo. No entanto, eu estava de-
terminada a tentar. Não aceitaria nada, nem mesmo rações de pão, das mãos tingidas com o sangue dos bravos marinheiros do Kronstadt. Felizmente, eu tinha algumas roupas que um amigo americano me dera; elas poderiam ser trocadas por mantimentos. Eu também havia recebido algum dinheiro de minha própria gente nos Estados Unidos. Isso me permitiria viver por algum tempo.
Em Moscou consegui um pequeno quarto, anteriormente ocupado pela filha de Piotr Kropotkin. A partir daquele dia eu vivi como milhares de outros russos, carregando água, cortando madeira, lavando e cozinhando, tudo no meu pequeno quarto. Mas eu me sentia mais livre e melhor por isso.
A nova política econômica transformou Moscou em um vasto mercado. O comércio se tornou a nova religião.
Lojas e armazéns brotavam da noite para o dia, misteriosamente a Rússia estava amontoada de guloseimas que não tinha visto há anos. Grandes quantidades de manteigas, queijo, e carne foram colocadas à venda; confeitos, frutas raras, e doces de toda variedade estavam à venda. No edifício Politburo uma das maiores confeitarias foi aberta. Homens, mulheres, e crianças com faces contraídas e olhos famintos paravam, olhando fixamente pelas janelas e discutindo o grande milagre: o que ontem era considerado uma odiosa ofensa, estava agora ostentado na frente deles de uma maneira aberta e legal. Eu ouvi por acaso um soldado Vermelho dizer:
“É para isso que fizemos a revolução? Para isso que nossos companheiros tiveram que morrer?” O slogan, “Roube os ladrões”, havia se transformado agora em “Respeite os ladrões”, e mais uma vez foi proclamada a santidade da propriedade privada."

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*Emma Goldman, russa, anarquista e feminista, chegou nos Estados Unidos
com a irmã indo trabalhar como operária têxtil. Em pouco tempo tornou-se uma
militante combativa juntamente com seu companheiro Alexandre Berkman o
que lhe valeu alguns encarceramentos, um deles por ensinar publicamente o uso
de contraceptivos.

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