Esforço é uma palavra muito corriqueira dentro de cenas autônomas que dependem da vontade e da espontaneidade de indivíduos.
Esperar que o desejo de criar algo flua é muito complicado,
principalmente quando esse anseio tem que combinar com o de vários outros
indivíduos.
Sabemos bem que, no mais das vezes, relegamos as atividades
que mais nos representam em segundo plano e damos atenção redobrada a outras
produções que tem como fim atender exigências de alguma instituição ou empresa.
A elas dedicamos horas, dias e mais dias em busca de
recompensas que nem achamos justas ou válidas, mas que acabamos por manter esse
sistema por necessidade de sobrevivência.
São sempre essas atividades estressantes que elencamos como
mais importantes, não no discurso, mas no nosso cotidiano.
Estranho que as
pessoas tratem a vida livre como algo que se conversa em mesas de bares e que
não se tem aplicabilidade nas práticas do dia-a-dia, tratando filosofia e outras leituras de mundo, que se opõe
ao que se está estabelecido, de uma forma fantástica e distante como em
qualquer conto de fadas.
Não entendo o que nós estamos esperando pra começar a viver
e tentar criar ao menos em nossas mentes, pequenos momentos e espaços de
liberdade.
Tentando assim construir da forma que seja as inúmeras
realidades possíveis e demonstrando que não só existem as verdades e estruturas
concretas que nos são oferecidas, ou melhor, empurradas goelas a baixo nos fazendo engolir
arduamente com gosto de sangue e frustração as normas, leis e regras contidas
nas mais diversas esferas dessa civilização escravagista.
Com o passar do tempo nos questionamos, mudamos e retraçamos
nossos caminhos, felizmente numa trilha onde o punk é mais plural, criativo e anarquista, combativo e ao mesmo tempo irreverente.
Nesse processo chegamos aqui, ativ@s e insatisfeit@s,
querendo mais o novo e a ação.
E é nessa instigação do punk com o novo que matamos entre
nós visões ou ideias do punk que nos pareciam algumas até repulsivas de tão
autoritárias, rígidas e estáveis.
E aqui vós escrevemos palavras inspiradas numa ideia de punk
que foge da rigidez e busca a movimentação, que foge da estabilidade e
contraculturalmente se instabiliza visualmente, musicalmente, corporalmente, mentalmente,
sexualmente e organizacionalmente.
O que queremos dizer, primeiramente, é que não nos encontra
mais a ideia dx punk como meramente uma coisa que você "se diz".
Esclarecendo: contraculturamente falando, sim, somos punks;
mas, contudo, ser punk para nós não é mais lá muita coisa.
Muita gente nesse mundo é punk, se dizem como tal, e agora
nos parece muito idiota ficar julgando que é e quem não é ou discutindo
critérios que definem uma pessoas como tal.
Preferimos perceber quem está próximo da gente para nossas
ações e ideias e quem, pelo contrário, voa longe.
Começamos a ver as coisas assim depois que vimos aqui no
nordeste e em campina grande muitas pessoas que estão "estáveis"
dentro da cena punk, que "são punks" vivendo vidas que só reproduzem o
padrão de se viver nas grandes metrópoles dos anos 2000.
Escutar música pesada é o mesmo que nada. Beber e se drogar
também. Achar que o mundo devia ser de um jeito por achar, tampouco.
Enfim, punk não "se diz" somente, porque esse se
dizer institucionaliza e engessa muitas pessoas. Punk se vive, não "se
é" meramente.
Pode-se viver x punk sem se dizer e pode se dizer e viver
como qualquer outro conformista, ganguista, rockstar ou idiota por ai.
É criando, sentindo, construindo e negando através da
prática muita coisa que existe ai que fazemos dx punk uma ideia mais livre,
irreverente e insana.
Culturalmente pensando, seguimos coma as ideias sobre música
e estética do zine passado,
mas queremos criticar essas fronteiras que se estabeleceram
na cultura punk que estagnaram muitas pessoas na mesmice e ampliar os
horizontes dx punk, @ colocando como sinônimo de ação e novo, e não mesmice e
morgação.
Punk não é a única música que escutamos, nem a única coisa
que vivemos, nem a única coisa "livre" que existe no mundo.
E o que é louco é que, escutando, vivendo e pensando outras
coisas livres diferentes trazemos para x punk novos gases, instigações,
pensamentos, sonoridades, sabores e estilos.
Para os que não sabem significa Expansão cosmopolita.
Punk é um espaço livre, uma ideia efervescente sempre em
transformação, um espaço de evolução, de criação, onde ódio, revolta são os
sons que embalam essa dança da morte e da vida, o caos que se opõe a tradição
destruidora da lógica militarista capitalista que controla o passado e o
presente nos vendendo a falsa ideia de estabilidade segurança
futuras.
Queremos mais que linhas retas e continuidades.
Queremos nossas vidas correndo montanha abaixo como os rios,
circulando com os ventos e as correntes marinhas, criando e recriando
paisagens, em constante mutação fora da lógica cartesiana, e em
harmonia com leis naturais.
*zine tamanho A4, 24 paginas... poesias e textos sobre punk, anarquismo, cena, veganismo, bike, movimentação, feira y zines, sexualidade, queer, banda, manifestação, protesto, receita, evento, anti-skinhead/oi, anti-fascista, conto e + muitas colagens, desenhos e expressões punx libertárias...
Disponível para trocas, de quem faz pra quem faz!!
Faça tu mesmx ou morra!!!
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