Não era assim que ela imaginava que fosse ser. A mudança, outrora sempre vinha a mente como uma possibilidade a mais
de buscar algo que fosse vivido ou diferente... não apenas mais uma ausência de alternativas mediante o
esgotamento da expectativas construídas sobre o modo de vida anterior. Isso parecia triste, mudar não pela coragem
mas pela covardia, não pela força mas pela fraqueza, não pelo entusiasmo mas pela amargura. E Ela se sentia amarga
como nunca, talvez apenas numa fase e nunca a pior delas, mas eram dias de um vazio indescritivel... seus passos
era tão leves que não marcavam a areia, fazendo com que seus caminhos não tivessem nem passado nem futuro...
mesmo sempre saindo de algum lugar e chegando a outro, havia um tipo de restrição oculta nos espaços por onde ela
transitava, que sua experiência e conhecimento acumulados talvez nunca fossem suficientes para desvendar.
Ela concerteza conseguia dissimular suas incertezas e o seu descompasso com o mundo sem maiores problemas,
para entrar em contato com Ela e com outrxs que carregam em si um genuino descontentamento a ordem das coisas,
mas que não conseguem mais construir seus sonhos e novos mundos, ou viver apenas deles.
Isso não fazia muita diferença, agora que um novo caminho estava sendo criado, agora que novas escolhas haviam
sido feitas. Na verdade, não havia nada de novo naquilo e ela sabia, era apenas um reinício em um outro contexto,
em um outro ambiente, mais ainda assim circundando pelas mesmas estruturas e com os mesmos principios. Era tudo
tão igual que, lá no fundo, ela se perguntava se havia em algum lugar sobre, algo que fosse diferente.
Assim os dias prosseguiam movidos pela deseperança... A ultima partida havia sido uma derrota e, mesmo que talvez essa
proxima rodada lhe reservasse alguma vitória, ela não sabia mais se isso era relevante. Vitórias e derrota
sempre se confudem no mundo da indiferença.
Talvez o problema ali não fosse realmente a mudança da realidade ou a disputa de alguma partida, mas apenas Ela
mesma e seus valores, seus objetivos. Ela sabia que o problema - ou a principal resposta para os problemas - estava
em sua força, as esperanças que lhe restavam. Assim ela seguia, incerta, e vez ou outra imaginava quando suas forças
iriam se esvair e quando o que lhe resta como seu seria finalmente entregue. Questionava-se sem saber que não havia
mais força alguma, nem tempo... e que - tudo o que ela fora algum dia - já estava perdido em algum lugar, ou como uma
lembrança triste, ou como uma pegada apagada na areia.
Inkomodozine #4
Fragmento de texto retirado do "Vai até lá e sinta" - junho de 2004
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quinta-feira, 5 de novembro de 2015
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
Não trago a verdade comigo
Não trago a verdade comigo e se houvesse alguma, eu a rechaçaria.
Talvez estes livros e todas as palavras que já foram escritas ou profetizadas tenham esvaziado seus conteúdos e hoje estão banalizadas e servem apenas para encherem a boca de teóricos, acadêmicos, blabláistas...
Acho que cada pessoa precisa pensar. E pensando ela ao menos existe... ela faz a diferença em um mundo onde a automação nos nega os sentidos, a massificação retarda nosso cérebro e os avanços tecnológicos longe de trazerem soluções para a humanidade, a despedaça ainda mais...
Naira
Talvez estes livros e todas as palavras que já foram escritas ou profetizadas tenham esvaziado seus conteúdos e hoje estão banalizadas e servem apenas para encherem a boca de teóricos, acadêmicos, blabláistas...
Acho que cada pessoa precisa pensar. E pensando ela ao menos existe... ela faz a diferença em um mundo onde a automação nos nega os sentidos, a massificação retarda nosso cérebro e os avanços tecnológicos longe de trazerem soluções para a humanidade, a despedaça ainda mais...
Naira
manifestações egoicas...
mas uma autodescoberta introspectiva,
as fronteiras entre o que é íntimo e o que é público ficam borradas
intimidades são transformadas em coisas públicas,
e aquelxs que se recusam a publicizar sua intimidade
vistxs como pudicxs e reprimidxs,
necessitadxs de uma limpeza psicológica...
as fronteiras entre o que é íntimo e o que é público ficam borradas
intimidades são transformadas em coisas públicas,
e aquelxs que se recusam a publicizar sua intimidade
vistxs como pudicxs e reprimidxs,
necessitadxs de uma limpeza psicológica...
certamente...
precisamos ser aptxs
nos libertarmos de sentimentos opressivos,
emoções reprimidas e caminhos tortuosos...
precisamos ser aptxs
nos libertarmos de sentimentos opressivos,
emoções reprimidas e caminhos tortuosos...
existe uma fome de "ser"...
permanentemente olhando para trás,
para dentro de nossos passados,
em vez de vermos outros horizontes vindos de outras experiências
encontrarmos possibilidades novas para nossas vidas...
para dentro de nossos passados,
em vez de vermos outros horizontes vindos de outras experiências
encontrarmos possibilidades novas para nossas vidas...
substituímos o "ser"...
uma overdose de adoração ao próprio umbigo e autodescoberta,
borramos a diferença entre os dois
- verdade e culto ao ego -
de modo que a "verdade" passa a ser equacionada
manifestações egoicas...
se tornam "espelhos de aumento",
refletindo a si mesmxs de volta em um tamanho maior, egocêntrico...
descontextualizando a autorevelação
uma importante parte de qualquer ser esclarecidx e autocriticx...
uma overdose de adoração ao próprio umbigo e autodescoberta,
borramos a diferença entre os dois
- verdade e culto ao ego -
de modo que a "verdade" passa a ser equacionada
manifestações egoicas...
se tornam "espelhos de aumento",
refletindo a si mesmxs de volta em um tamanho maior, egocêntrico...
descontextualizando a autorevelação
uma importante parte de qualquer ser esclarecidx e autocriticx...
destrua a moral...
deveras...
indivíduos que cultivam o rotulismo
interpretando o pUnK por meios morais
deturpação eis que surge
tão ínfima de indivíduos
pernilongos cheios de teorias pseudo-intelectuais
deturpação pseudo-critica
cultivam mentiras vivas
cinismos e ideais de ismos...
indivíduos que cultivam o rotulismo
interpretando o pUnK por meios morais
deturpação eis que surge
tão ínfima de indivíduos
pernilongos cheios de teorias pseudo-intelectuais
deturpação pseudo-critica
cultivam mentiras vivas
cinismos e ideais de ismos...
singularidades "passivas"
almejam a moral nessa sociedade
foda-se a mentira...
mentira que se torna passível
filosofam a tragedia...
almejam a moral nessa sociedade
foda-se a mentira...
mentira que se torna passível
filosofam a tragedia...
a margem...
uma natureza trágica
o PuNk é a própria tragedia
nega a estrutura da sociedade
não almeja a moral nessa sociedade
foda-se a mentira...
mentira que se torna passível
uma natureza trágica
o PuNk é a própria tragedia
nega a estrutura da sociedade
não almeja a moral nessa sociedade
foda-se a mentira...
mentira que se torna passível
ir além...
muito mais do que ter um ideal
torne-se real
cultive uma destruição interna
desperte da escuridão do próprio ser humano
destrua a moral...
muito mais do que ter um ideal
torne-se real
cultive uma destruição interna
desperte da escuridão do próprio ser humano
destrua a moral...
Confissão Misantropa
seu café da manhã é uma dose
uma dose para as consequências de existir
as vezes é o que ajuda
mas dói mais...
brincando de cabo de guerra
sente-se como a corda
está no limite
mas continuam puxando
está perdendo a sua mente...
se esconder na parte de trás de uma caverna
no topo de uma montanha
onde ninguém x pode ouvir
onde ninguém x pode ver
talvez esteja apenas cansadx
anti-social chamam nx
gostar apenas de si mesmo
uma operação solo
sozinho apenas, é mais confortavel...
a apatia lhe obtem o melhor
está tão cansadx
de falar dos seus problemas
pessoas são odiosas
destrutivas e gananciosas
orgulhosas e ingratas
o mundo seria melhor sem nós
seres humanos um desperdicio de ar
nenhum digno de confiança
chamam nx de anti-social
mas está é apenas uma confissão misantropa
de qualquer maneira é uma operação solo
muito mais confortavel sozinhx
e muitas doses no café da manhã...
uma dose para as consequências de existir
as vezes é o que ajuda
mas dói mais...
brincando de cabo de guerra
sente-se como a corda
está no limite
mas continuam puxando
está perdendo a sua mente...
se esconder na parte de trás de uma caverna
no topo de uma montanha
onde ninguém x pode ouvir
onde ninguém x pode ver
talvez esteja apenas cansadx
anti-social chamam nx
gostar apenas de si mesmo
uma operação solo
sozinho apenas, é mais confortavel...
a apatia lhe obtem o melhor
está tão cansadx
de falar dos seus problemas
pessoas são odiosas
destrutivas e gananciosas
orgulhosas e ingratas
o mundo seria melhor sem nós
seres humanos um desperdicio de ar
nenhum digno de confiança
chamam nx de anti-social
mas está é apenas uma confissão misantropa
de qualquer maneira é uma operação solo
muito mais confortavel sozinhx
e muitas doses no café da manhã...
caiam fora idiotas skins
sempre que aparece uma juventude com ideias direitistas recorrem logo a indumentaria skinhead... usam suas simbologias... suas estetica e por ai vai... ai vem um monte de
imbecis querer dizer que o skinhead tradicional é antifascitas e blablablablabla...
skinhead é um "subgenerop" que ja deveria ter sido extinto da face da terra ... essa bosta existe desde os anos 60 sempre pegando carona em outras movidas querendo se infiltrar... foi assim no reggae... e agora querem construir uma nova historia para o skin aqui no brasil sem nem se importar com a relevância dos fatos... haja vista que no brasil desde que a merda do oi surgiu junto aos skins, sempre foi um subgenero de cunho fascista... a merda com essa nova geração fabricada pelo wikipedia e facebooks da vida...caiam fora idiotas skins...
imbecis querer dizer que o skinhead tradicional é antifascitas e blablablablabla...
skinhead é um "subgenerop" que ja deveria ter sido extinto da face da terra ... essa bosta existe desde os anos 60 sempre pegando carona em outras movidas querendo se infiltrar... foi assim no reggae... e agora querem construir uma nova historia para o skin aqui no brasil sem nem se importar com a relevância dos fatos... haja vista que no brasil desde que a merda do oi surgiu junto aos skins, sempre foi um subgenero de cunho fascista... a merda com essa nova geração fabricada pelo wikipedia e facebooks da vida...caiam fora idiotas skins...
...ideias são apenas perspectivas e não dogmas absolutos...
...ideias são apenas perspectivas e não dogmas absolutos...
...mas o espetáculo está ai para quem quiser assistir e até participar desta encenação, desta palhaçada que hoje se estabeleceu de forma gritante, e nada parece abalar essa situação...
o doutrinismo, as mentiras, calunias e as falsidades se tornaram pilares dentro do processo, ao invés de autocritica, humildade e “razão”... pois nunca encaramos nossos erros e problemas de forma critica, sempre buscando que o tempo fosse o melhor remédio para nossas limitações... isto gera um ostracismo que aos poucos vai nos afastando de nossos objetivos... pessoas que utilizam posturas como se fossem troféus; “acéfalos”, oportunistas e idolatras...
ao invés de buscar nossa identidade de radicalismo cultural, fazemos concessões, culto patético a bandas, zines, visuais e posturas que mal se entende e vivência... hipocrisia, falsidade e egocentrismo...
este é o quadro de uma geração de idolatras que não buscam desenvolver nenhum raciocínio critico perante essa realidade de degradação do punk.
Os fatos tem de serem ditos e não ignorados...
Radicalismo e resistência cultural do punk... radicalismo na vida... radicalismo cultural e cotidiano...
Resistência PUNK.
...mas o espetáculo está ai para quem quiser assistir e até participar desta encenação, desta palhaçada que hoje se estabeleceu de forma gritante, e nada parece abalar essa situação...
o doutrinismo, as mentiras, calunias e as falsidades se tornaram pilares dentro do processo, ao invés de autocritica, humildade e “razão”... pois nunca encaramos nossos erros e problemas de forma critica, sempre buscando que o tempo fosse o melhor remédio para nossas limitações... isto gera um ostracismo que aos poucos vai nos afastando de nossos objetivos... pessoas que utilizam posturas como se fossem troféus; “acéfalos”, oportunistas e idolatras...
ao invés de buscar nossa identidade de radicalismo cultural, fazemos concessões, culto patético a bandas, zines, visuais e posturas que mal se entende e vivência... hipocrisia, falsidade e egocentrismo...
este é o quadro de uma geração de idolatras que não buscam desenvolver nenhum raciocínio critico perante essa realidade de degradação do punk.
Os fatos tem de serem ditos e não ignorados...
Radicalismo e resistência cultural do punk... radicalismo na vida... radicalismo cultural e cotidiano...
Resistência PUNK.
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
Zines, cartazes e outras coisitas para trocas, breve umas cartinhas recheadas chegando prxs manxs PuNx...
Zines: e se o pUnK morreu nós somos a vingança - só os peixes mortos do rio seguem a corrente - Fora skins
Cartazes: há sempre um(a) PuNk por ai... - Punk revolução pessoal de negação social - a cara dxs punx são feitas pelas próprias pessoas pUnX... - você não agiu, você decidiu PuNk só morreu pra quem não viveu...
Cartazes: há sempre um(a) PuNk por ai... - Punk revolução pessoal de negação social - a cara dxs punx são feitas pelas próprias pessoas pUnX... - você não agiu, você decidiu PuNk só morreu pra quem não viveu...
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
há sempre um(a) punk por ai...
o tom geral é cinza...
a noite impera violenta...
mas há sempre um(a) punk por ai
adentra a cena,
um "monstro" que se deixa ver...
mas o monstro somos nós e nossos nós
escondemos o óbvio que está dentro de nós
os muros que levantamos contra outros e contra nós...
então transformam (?) o punk no carregamento de pedras
que aumenta os muros,
ao invés do martelo que os derrubam...
covardemente maquiam seus egos com uma palavra (?)
com uma falsa postura, que se opõe a própria palavra
ao significado da mesma e sua "finalidade"
fingem não haver mais os horrores das socializações
ao qual nos subjugam desde que nascemos...
"vivem" a palavra, mas não seu significado,
massificam a palavra e assim, deturpam/banalizam o que ela representa
cobrem seus corpos com mais um rotulo,
assim como os que lhe foram escolhidos desde que nasceram...
incessantemente cultuam a palavra e outras associadas a mesma...
a noite impera violenta...
mas há sempre um(a) punk por ai
adentra a cena,
um "monstro" que se deixa ver...
mas o monstro somos nós e nossos nós
escondemos o óbvio que está dentro de nós
os muros que levantamos contra outros e contra nós...
então transformam (?) o punk no carregamento de pedras
que aumenta os muros,
ao invés do martelo que os derrubam...
covardemente maquiam seus egos com uma palavra (?)
com uma falsa postura, que se opõe a própria palavra
ao significado da mesma e sua "finalidade"
fingem não haver mais os horrores das socializações
ao qual nos subjugam desde que nascemos...
"vivem" a palavra, mas não seu significado,
massificam a palavra e assim, deturpam/banalizam o que ela representa
cobrem seus corpos com mais um rotulo,
assim como os que lhe foram escolhidos desde que nasceram...
incessantemente cultuam a palavra e outras associadas a mesma...
mas há sempre um(a) punk por ai
que adentra e entende a sua função
um identificador de afinidades, posturas e politicas
um aglomerador cultural subversivo do sublime com o grotesco
arte marginal sem cartilhas, sem papas ou travas
arte como instinto puro do individuo esclarecido do mundo que o cerca
contra cultura combativa essencial
a comunicação entre marginais pessimistas e políticos na ultima trincheira
experiência compartilhada entre essências ideológicas
sobreviventes das mudanças politicas, ideológicas e linguísticas...
quando sonhos morrem elxs permanecem
como poemas nas cavernas...
que adentra e entende a sua função
um identificador de afinidades, posturas e politicas
um aglomerador cultural subversivo do sublime com o grotesco
arte marginal sem cartilhas, sem papas ou travas
arte como instinto puro do individuo esclarecido do mundo que o cerca
contra cultura combativa essencial
a comunicação entre marginais pessimistas e políticos na ultima trincheira
experiência compartilhada entre essências ideológicas
sobreviventes das mudanças politicas, ideológicas e linguísticas...
quando sonhos morrem elxs permanecem
como poemas nas cavernas...
eis então o que significa e representa viver o Punk
não repetir o senso em comum, mas uma base em comum
um identificador de seres afins ou não,
e não um reduplicador de clichês e identidades prontas
seres que não se ajoelham e ruminam junto com a manada
seus corpos e vozes ecoam
aos berros, aos cantos, aos choques e desencantos
não acreditam e nem concordam com o sentido do rebanho
não precisam e acreditam em pretensas/falsas uniões
suas identidades únicas e contraditórias
se somam pelas bases afins
o almejar o momento e sem limites
o ponto de execração em comum
o selo da indignação
no resignificado a outra possibilidade de viver sem amarras
no inventar poesias depois dos massacres
ao plantar sementes anti-submissão
em tocar nas ruínas,
ver as dilacerações do mundo e não se calar
na loucura necessária que se torna uma chama
aquelx que revela e não x que maquia o monstro
que denuncia também o afiador de facas do torturador
que destrói os campos de extermínio do corpo e da consciência...
não repetir o senso em comum, mas uma base em comum
um identificador de seres afins ou não,
e não um reduplicador de clichês e identidades prontas
seres que não se ajoelham e ruminam junto com a manada
seus corpos e vozes ecoam
aos berros, aos cantos, aos choques e desencantos
não acreditam e nem concordam com o sentido do rebanho
não precisam e acreditam em pretensas/falsas uniões
suas identidades únicas e contraditórias
se somam pelas bases afins
o almejar o momento e sem limites
o ponto de execração em comum
o selo da indignação
no resignificado a outra possibilidade de viver sem amarras
no inventar poesias depois dos massacres
ao plantar sementes anti-submissão
em tocar nas ruínas,
ver as dilacerações do mundo e não se calar
na loucura necessária que se torna uma chama
aquelx que revela e não x que maquia o monstro
que denuncia também o afiador de facas do torturador
que destrói os campos de extermínio do corpo e da consciência...
eis então o que a palavra Punk representa!!!
há sempre um(a) punk por
sábado, 1 de agosto de 2015
O SURGIMENTO DO OI!: MAIS UMA HISTÓRIA MAL CONTADA
A mesma
prática de revisionismo
tem sido utilizada quando
o assunto é
o surgimento do Oi!
no início dos
anos 80. É
comum encontrar em textos na
internet a história de que no final
dos anos 70
o punk foi
ganhando
uma cara cada vez mais vendável e uma
parte do movimento
seguiu para um lado
mais comercial, dando
origem ao póspunk,
new wave, etc.
Em contraposição a isso
teriam surgido punks
mais “crus” e
agressivos,
rueiros e suburbanos, que teriam dado origem ao Oi!/Street Punk. A conclusão desta história que é comumente
contada é a de que a
verdadeira expressão punk
não comercial da época seria o Oi! e a cena que
se
formou em torno dele, com forte presença
de skinheads. Mais uma vez uma
história de
mão
única.
De
fato os skinheads, que até o momento se encontravam em um período de
decadência, apoiaram-se na
explosão do punk
para ressurgirem novamente, porém colocando-se como continuadores
do punk “das
ruas”, através do Oi!, em uma
história que com o advento
da internet se tornou cada vez mais popular.
Quando o punk passa
a ser apropriado
e cooptado pela mídia,
indústria musical e da moda, parte
da movimentação punk vai adentrando um
caminho de produção
marginal e fora
das grandes gravadoras
e
imprensa
musical, e se tornam escassas as informações
a respeito nestes
grandes meios para
aquel@s que não
estão próxim@s destas movimentações. Muito longe de acabarem, seguiram cada vez
mais para as propostas
de faça-você-mesm@ e lutas libertárias. Assim, se por um lado
havia street punks junto
a skinheads no
Oi!, por outro
havia uma crescente cena Peace-punk que criava suas próprias publicações,
zines, gravadoras/selos e produções diversas,
se envolvendo em manifestações e movimentos sociais de forma cada vez
mais politizada e libertária.
De peace-punks surgiram diversos questionamentos quanto
aos valores envolvidos no Oi! e
nestes skinheads, que para
além de toda
a cultura de
briga e virilidade masculina
que frequentemente destruía
as gigs e
eventos, tinham um
forte discurso de culto
as tradições, machismo
e orgulho à posição de operário, enquanto @s peace-punks defendiam
a destruição das classes, questionando este orgulho de
serem explorad@s. São
exatamente estes valores que
vemos prevalecer até
os dias de
hoje nas músicas e práticas de
grupos que se reivindicam como Oi!,
e que para
nós nada tem a
ver com o
punk enquanto expressão contra-cultural.


2 bandas da finlândia uma dos 90's e outra dos 80's, pra quem diz que na europa é diferente
O
Oi!, inicialmente apenas uma gíria cockney com
significado de saudação,
foi o nome dado pelo jornalista Gary Bushell, a
partir de uma música da
banda Cockney Rejects. Bushell odiava
a cena Peace-punk
que se desenvolvia na
época em torno
de perspectivas anarquistas, igualdade
entre gêneros, anti-racismo e
intenso questionamento
político e social.
@s chamava pejorativamente de
“hippies anarquistas”, e utilizava-se
da revista “Sounds” para
atacar constantemente as atividades
do Crass e
da Dial House, comunidade onde
viviam. No entanto,
algumas “ofertas”
vieram da cena
Oi!, que não tiveram
sucesso: Jimmy Pursey,
da Sham 69, tentou formalizar um contrato com a banda
Crass, informando que
poderia incluí-los no “Pacote
de Pursey” e
fazer o “marketing da revolução”,
dizendo que nunca conseguiriam sem ele.
A proposta foi negada,
mas esse fato
denuncia ainda a
forma como os “expoentes”
da cena Oi! tratavam tudo isso.
Foi através
da mesma revista
Sounds, em 1980, que Bushell deu
nome ao que seria o Oi!. Ali escreveu
uma série de
conceitos sobre um “novo”
punk, e apontava
várias bandas como representantes desse
“novo espírito”. Também lançou
diversas coletâneas Oi! dos anos 80, com bandas queno geral
falavam sobre violência para
passar
o dia,
esmagar nariz de
hippies,hooliganismo, culto aos
músculos e orgulho operário, como a Last
Resort, que em uma
de suas
músicas fala: "Eu
estava andando pelas ruas
com meus amigos,
procurando um pouco de violência para passar o tempo,nós encontramos
esse hippie idiota
e ele tentou fugir,
mas eu o
soquei no nariz
só para passar o dia..." Falando
sobre o Oi!
na revista Sounds, Bushell define:
"A
mentalidade é essencialmente masculina, apesar de
algumas garotas estarem envolvidas. É
basicamente o que
John McVicar chamou de machismo...O machismo definido corretamente
é algo sobre
honra, lealdade, força e resistência...O tipo de idéia que me
atinge como um
ideal muito mais preferível ao
bunda-mole introspectivo
defendido
pelos hippies" Outra citação sobre o Oi! é também bastante esclarecedora
sobre qual sua mentalidade:
“Oi! é
rock´n´roll, cerveja, sexo,
frequentar gigs, tirar
um sarro, puxar
briga. É a
nossa vida, nosso show,
nosso mundo, nossa filosofia”. (Garry Johnson, poeta e
Oi!)
Com o passar
do tempo as gigs de bandas Oi! foram
se tornando com
cada vez mais frequência palco
para as brigas
e demonstrações de força
protagonizadas pelos skinheads, tornando
a existência de muitas
delas quase insustentável. O skinhead
George Marshall relata
este
momento, em
situações onde podemos
perceber que o
punk também vai se
tornando alvo da
violência intolerante dos skinheads,
e que podem ser encontradas em inúmeros outros relatos: “Na hora de acusar,
todos os dedos apontavam
na direção do skinhead,
não sem motivo.
Em se tratando de violência nas gigs de punks, eram
sempre os skins que
começavam a treta,
e, se não começavam, acabavam. Isso não quer dizer
que todos
os skins estivessem
a fim de detonar
a música pela
qual haviam pago ingresso
para curtir, mas
era um problema crônico que
se tornava insustentável. Sempre
havia um suposto
skin partindo pra ignorância se o vizinho não tivesse o
mesmo coturno, suspensório, cor
ou distintivo na roupa. De repente, virou passatempo
praticar a malhação do
punk (...)” “Um
ou outro quebra pau
poderia ter sido
controlado ou contornado. Mas a
violência orquestrada em nome da política era algo bem mais sério. A questão é
que grande parte
dos skinheads
que curtiam
o som da
Sham e de outras
bandas Oi! apoiava
o National Front
e o British Movement,
duas organizações de extrema-direita cuja
militância já tinha crescido bastante àquela época.”Em um
artigo sobre a
relação entre a cena
skinhead e a música de
caráter nazista, o historiador
Thimothy Brown fala
sobre as
relações
que o surgimento do Oi! possibilitou dentro
da cena skinhead
para o surgimento de
um estilo musical
de extrema direita, citando alguns
acontecimentos relevantes para
entendermos este momento:“Um evento chave
para estabelecer a notoriedade
da cena skinhead,
e que representou a
articulação simbólica entre
o
gênero musical
e subcultura, violência
e racismo, é a
tão falada “Southhall
riot”, de julho de 1981. A
revolta aconteceu em uma gig na Hambrough
Tavern, na predominantemente asiática
Southhall, subúrbio oeste de
Londres. Southall era a principal área
de imigração asiática
e também um forte
alvo das provocações
da
National
Front.
Southall havia sido anteriormente (abril de 1979) palco para
dias de confrontos entre
a polícia e
a juventude asiática após o
ativista
anti-racista Blair Peach ter sido assassinado
durante uma manifestação contra
uma marcha da National
Front. O alegado
fracasso das autoridades para
investigar adequadamente o assassinato de
Peach deixou um
legado de indignação que
foi exacerbado pelos
frequentes incidentes
de “Paki-bashing.”
Com apresentações
de três conhecidas bandas Oi!, The Business, The Last
Resort e The 4 Skins,
a gig foi
vista como a gota
d´água pelos jovens
asiáticos locais, que acabaram com a apresentação queimando o lugar.
Um grande
número de skinheads
foi preso na confusão
que se seguiu,
e a imprensa se
mexeu rapidamente para estigmatizar toda
a cena skinhead
como baluarte da extrema
direita, apesar do
fato da National Front
não ter nenhum envolvimento direto com a gig. O
“pânico moral” resultante foi impulsionado pelo receio público sobre o segundo
de dois álbuns de coletânea
Oi! lançados pela revista
Sounds sob o
estímulo do jornalista Gary Bushell.
O primeiro, Oi!
The Album, ajudou a lançar
o movimento Oi! em
novembro de 1980.
O segundo álbum, lançado apenas
alguns meses depois da revolta
de Southhall, tinha como
título o trocadilho infeliz Strength Through
Oi! (uma brincadeira com o nome
da organização da era-Nazi
“Strength Through Joy”). O álbum
também destaca em sua
capa uma fotografia de
Nicky Crane, um conhecido skinhead que
também foi organizador do
British
Movement
em Kent. O álbum
não foi financiado pela extrema direita, nem as bandas ali representadas eram necessariamente de direita,
mas as conotações
direitistas do título e
arte da capa,
levadas em conjunto
com a
violência em Southhall
e os resultantes acusações de
fascismo skinhead na imprensa, solidificaram
a reputação de direita da cena skinhead e da música Oi!. Ao prever,
pela primeira vez,
um foco musical para o skinhead que era “branco” –isto é, não tinha nada a ver com a presença de imigração caribenha
e mínima conexão com
as raízes musicais
negras – o Oi! concedeu um
foco musical para
novas visões da identidade
skinhead. (...) Conferindo
uma expressão musical
à identidade skinhead que era exclusivamente branca (e,
diferente do punk
e ska, quase exclusivamente masculina),
e em primeiro plano a violência como pilar do
estilo de vida operário, o Oi!
concedeu um ponto
de entrada para uma
nova marca do
rock de extrema-direita. Conforme o Oi! passa
a ser associado
com “música branca”, a
relação entre causa
e efeito foi revertida:
para além de
skinheads adotarem as crenças
direitistas e expressálas
nas músicas, músicos
com crenças direitistas começaram
a adotar a cena skinhead –branca,
masculina, violenta e patriota
–como campo para
se expressarem. Estes
músicos trouxeram novas influências musicais ao
Oi!, criando uma forma
híbrida de “skinhead rock”
que
mantém
sua filiação com a cena muito
depois de ter deixado
qualquer semelhança com o som
“street punk” do
qual o Oi! se desenvolveu.”
Se, por
um lado, parte dos
integrantes destas bandas tentaram
a todo custo
não serem colocadas como
fascistas, seja buscando participar de eventos contra o
racismo ou por meio de artigos
de Bushell na
revista Sounds, fato é que esta
associação foi se tornando
cada vez mais
forte, sobretudo pelas práticas e
valores envolvidos nesta cena.
Embora na maior
parte das vezes
o argumento seja de que tudo isto foi apenas uma deturpação da
mídia, há diversos fatos que estão aí, contados
pelas próprias pessoas que
viveram a época, e que trazem mais uma vez a tona valores conservadores que não
compartilhamos de forma
alguma.
*texto extraido do zine: Porque somos contra a união de Punks com skinheads
Banda anarchxpunx da alemanhã anti oi
letra:
" (...)Foda-se! Foda-se! Foda-se! Foda-se! Foda-se a união! (...)"
" (...) (Seu) o patriotismo é apenas lixo orgulhoso de tudo, eu não me importo!
Que tal uma opinião própria ou será que vocês não se atrevem? (...) "
Que tal uma opinião própria ou será que vocês não se atrevem? (...) "
" (...) Eu não quero festa com você, sua estupidez, eu estou de saco cheio! "
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