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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Haveria - em algum lugar - algo que fosse diferente?

Não era assim que ela imaginava que fosse ser. A mudança, outrora sempre vinha a mente como uma possibilidade a mais 
de buscar algo que fosse vivido ou diferente... não apenas mais uma ausência de alternativas mediante o 
esgotamento da expectativas construídas sobre o modo de vida anterior. Isso parecia triste, mudar não pela coragem 
mas pela covardia, não pela força mas pela fraqueza, não pelo entusiasmo mas pela amargura. E Ela se sentia amarga
como nunca, talvez apenas numa fase e nunca a pior delas, mas eram dias de um vazio indescritivel... seus passos 
era tão leves que não marcavam a areia, fazendo com que seus caminhos não tivessem nem passado nem futuro...
mesmo sempre saindo de algum lugar e chegando a outro, havia um tipo de restrição oculta nos espaços por onde ela
transitava, que sua experiência e conhecimento acumulados talvez nunca fossem suficientes para desvendar.
Ela concerteza conseguia dissimular suas incertezas e o seu descompasso com o mundo sem maiores problemas,
para entrar em contato com Ela e com outrxs que carregam em si um genuino descontentamento a ordem das coisas,
mas que não conseguem mais construir seus sonhos e novos mundos, ou viver apenas deles.
Isso não fazia muita diferença, agora que um novo caminho estava sendo criado, agora que novas escolhas haviam
sido feitas. Na verdade, não havia nada de novo naquilo e ela sabia, era apenas um reinício em um outro contexto, 
em um outro ambiente, mais ainda assim circundando pelas mesmas estruturas e com os mesmos principios. Era tudo
tão igual que, lá no fundo, ela se perguntava se havia em algum lugar sobre, algo que fosse diferente.
Assim os dias prosseguiam movidos pela deseperança... A ultima partida havia sido uma derrota e, mesmo que talvez essa
proxima rodada lhe reservasse alguma vitória, ela não sabia mais se isso era relevante. Vitórias e derrota 
sempre se confudem no mundo da indiferença.
Talvez o problema ali não fosse realmente a mudança da realidade ou a disputa de alguma partida, mas apenas Ela
mesma e seus valores, seus objetivos. Ela sabia que o problema - ou a principal resposta para os problemas - estava
em sua força, as esperanças que lhe restavam. Assim ela seguia, incerta, e vez ou outra imaginava quando suas forças
iriam se esvair e quando o que lhe resta como seu seria finalmente entregue. Questionava-se sem saber que não havia 
mais força alguma, nem tempo... e que - tudo o que ela fora algum dia - já estava perdido em algum lugar, ou como uma 
lembrança triste, ou como uma pegada apagada na areia.

Inkomodozine #4
Fragmento de texto retirado do "Vai até lá e sinta" - junho de 2004


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Não trago a verdade comigo

Não trago a verdade comigo e se houvesse alguma, eu a rechaçaria.
Talvez estes livros e todas as palavras que já foram escritas ou profetizadas tenham esvaziado seus conteúdos e hoje estão banalizadas e servem apenas para encherem a boca de teóricos, acadêmicos, blabláistas... 
Acho que cada pessoa precisa pensar. E pensando ela ao menos existe... ela faz a diferença em um mundo onde a automação nos nega os sentidos, a massificação retarda nosso cérebro e os avanços tecnológicos longe de trazerem soluções para a humanidade, a despedaça ainda mais...
Naira



manifestações egoicas...

mas uma autodescoberta introspectiva, 
as fronteiras entre o que é íntimo e o que é público ficam borradas 
intimidades são transformadas em coisas públicas, 
e aquelxs que se recusam a publicizar sua intimidade 
vistxs como pudicxs e reprimidxs, 
necessitadxs de uma limpeza psicológica...
certamente... 
precisamos ser aptxs 
nos libertarmos de sentimentos opressivos, 
emoções reprimidas e caminhos tortuosos...
existe uma fome de "ser"...
permanentemente olhando para trás, 
para dentro de nossos passados, 
em vez de vermos outros horizontes vindos de outras experiências
encontrarmos possibilidades novas para nossas vidas...
substituímos o "ser"...
uma overdose de adoração ao próprio umbigo e autodescoberta, 
borramos a diferença entre os dois 
- verdade e culto ao ego - 
de modo que a "verdade" passa a ser equacionada 
manifestações egoicas... 
se tornam "espelhos de aumento", 
refletindo a si mesmxs de volta em um tamanho maior, egocêntrico...
descontextualizando a autorevelação
uma importante parte de qualquer ser esclarecidx e autocriticx...

destrua a moral...

deveras...
indivíduos que cultivam o rotulismo
interpretando o pUnK por meios morais
deturpação eis que surge
tão ínfima de indivíduos
pernilongos cheios de teorias pseudo-intelectuais
deturpação pseudo-critica
cultivam mentiras vivas
cinismos e ideais de ismos...
singularidades "passivas"
almejam a moral nessa sociedade
foda-se a mentira...
mentira que se torna passível
filosofam a tragedia...
a margem...
uma natureza trágica
o PuNk é a própria tragedia
nega a estrutura da sociedade
não almeja a moral nessa sociedade
foda-se a mentira...
mentira que se torna passível
ir além...
muito mais do que ter um ideal
torne-se real
cultive uma destruição interna
desperte da escuridão do próprio ser humano
destrua a moral...


Confissão Misantropa


seu café da manhã é uma dose
uma dose para as consequências de existir
as vezes é o que ajuda
mas dói mais...
brincando de cabo de guerra
sente-se como a corda
está no limite
mas continuam puxando
está perdendo a sua mente...
se esconder na parte de trás de uma caverna
no topo de uma montanha
onde ninguém x pode ouvir
onde ninguém x pode ver
talvez esteja apenas cansadx
anti-social chamam nx
gostar apenas de si mesmo
uma operação solo
sozinho apenas, é mais confortavel...
a apatia lhe obtem o melhor
está tão cansadx
de falar dos seus problemas
pessoas são odiosas
destrutivas e gananciosas
orgulhosas e ingratas
o mundo seria melhor sem nós
seres humanos um desperdicio de ar
nenhum digno de confiança
chamam nx de anti-social
mas está é apenas uma confissão misantropa
de qualquer maneira é uma operação solo
muito mais confortavel sozinhx
e muitas doses no café da manhã...


caiam fora idiotas skins

sempre que aparece uma juventude com ideias direitistas recorrem logo a indumentaria skinhead... usam suas simbologias... suas estetica e por ai vai... ai vem um monte de 
imbecis querer dizer que o skinhead tradicional é antifascitas e blablablablabla...
skinhead é um "subgenerop" que ja deveria ter sido extinto da face da terra ... essa bosta existe desde os anos 60 sempre pegando carona em outras movidas querendo se infiltrar... foi assim no reggae... e agora querem construir uma nova historia para o skin aqui no brasil sem nem se importar com a relevância dos fatos... haja vista que no brasil desde que a merda do oi surgiu junto aos skins, sempre foi um subgenero de cunho fascista... a merda com essa nova geração fabricada pelo wikipedia e facebooks da vida...caiam fora idiotas skins...

...ideias são apenas perspectivas e não dogmas absolutos...

...ideias são apenas perspectivas e não dogmas absolutos...
...mas o espetáculo está ai para quem quiser assistir e até participar desta encenação, desta palhaçada que hoje se estabeleceu de forma gritante, e nada parece abalar essa situação...
o doutrinismo, as mentiras, calunias e as falsidades se tornaram pilares dentro do processo, ao invés de autocritica, humildade e “razão”... pois nunca encaramos nossos erros e problemas de forma critica, sempre buscando que o tempo fosse o melhor remédio para nossas limitações... isto gera um ostracismo que aos poucos vai nos afastando de nossos objetivos... pessoas que utilizam posturas como se fossem troféus; “acéfalos”, oportunistas e idolatras...
ao invés de buscar nossa identidade de radicalismo cultural, fazemos concessões, culto patético a bandas, zines, visuais e posturas que mal se entende e vivência... hipocrisia, falsidade e egocentrismo...
este é o quadro de uma geração de idolatras que não buscam desenvolver nenhum raciocínio critico perante essa realidade de degradação do punk.
Os fatos tem de serem ditos e não ignorados...
Radicalismo e resistência cultural do punk... radicalismo na vida... radicalismo cultural e cotidiano...
Resistência PUNK.


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Zines, cartazes e outras coisitas para trocas, breve umas cartinhas recheadas chegando prxs manxs PuNx...

Zines: e se o pUnK morreu nós somos a vingança - só os peixes mortos do rio seguem a corrente - Fora skins
Cartazes: há sempre um(a) PuNk por ai... - Punk revolução pessoal de negação social - a cara dxs punx são feitas pelas próprias pessoas pUnX... - você não agiu, você decidiu PuNk só morreu pra quem não viveu...


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

há sempre um(a) punk por ai...

o tom geral é cinza...
a noite impera violenta...
mas há sempre um(a) punk por ai
adentra a cena,
um "monstro" que se deixa ver...
mas o monstro somos nós e nossos nós
escondemos o óbvio que está dentro de nós
os muros que levantamos contra outros e contra nós...
então transformam (?) o punk no carregamento de pedras
que aumenta os muros,
ao invés do martelo que os derrubam...
covardemente maquiam seus egos com uma palavra (?)
com uma falsa postura, que se opõe a própria palavra
ao significado da mesma e sua "finalidade"
fingem não haver mais os horrores das socializações 
ao qual nos subjugam desde que nascemos...
"vivem" a palavra, mas não seu significado, 
massificam a palavra e assim, deturpam/banalizam o que ela representa
cobrem seus corpos com mais um rotulo,
assim como os que lhe foram escolhidos desde que nasceram...
incessantemente cultuam a palavra e outras associadas a mesma...


mas há sempre um(a) punk por ai 
que adentra e entende a sua função
um identificador de afinidades, posturas e politicas
um aglomerador cultural subversivo do sublime com o grotesco
arte marginal sem cartilhas, sem papas ou travas
arte como instinto puro do individuo esclarecido do mundo que o cerca
contra cultura combativa essencial
a comunicação entre marginais pessimistas e políticos na ultima trincheira
experiência compartilhada entre essências ideológicas
sobreviventes das mudanças politicas, ideológicas e linguísticas...
quando sonhos morrem elxs permanecem
como poemas nas cavernas...
eis então o que significa e representa viver o Punk
não repetir o senso em comum, mas uma base em comum
um identificador de seres afins ou não,
e não um reduplicador de clichês e identidades prontas
seres que não se ajoelham e ruminam junto com a manada
seus corpos e vozes ecoam
aos berros, aos cantos, aos choques e desencantos
não acreditam e nem concordam com o sentido do rebanho
não precisam e acreditam em pretensas/falsas uniões
suas identidades únicas e contraditórias
se somam pelas bases afins
o almejar o momento e sem limites
o ponto de execração em comum
o selo da indignação
no resignificado a outra possibilidade de viver sem amarras
no inventar poesias depois dos massacres
ao plantar sementes anti-submissão
em tocar nas ruínas,
ver as dilacerações do mundo e não se calar
na loucura necessária que se torna uma chama
aquelx que revela e não x que maquia o monstro
que denuncia também o afiador de facas do torturador
que destrói os campos de extermínio do corpo e da consciência...
eis então o que a palavra Punk representa!!!
há sempre um(a) punk por




sábado, 1 de agosto de 2015

O SURGIMENTO DO OI!: MAIS UMA HISTÓRIA MAL CONTADA

A  mesma  prática  de  revisionismo  tem  sido utilizada  quando  o  assunto  é  o  surgimento do  Oi!  no  início  dos  anos  80.  É  comum  encontrar em textos na internet a história de que  no  final  dos  anos  70  o  punk  foi
ganhando uma cara cada vez mais vendável  e  uma  parte  do  movimento  seguiu  para  um lado  mais  comercial,  dando  origem  ao  póspunk,  new  wave,  etc.  Em  contraposição  a isso  teriam  surgido  punks  mais  “crus”  e
agressivos, rueiros e suburbanos, que teriam dado origem ao Oi!/Street Punk.  A conclusão desta história que é comumente contada é a de  que  a  verdadeira  expressão  punk  não comercial da época seria o Oi! e a cena que
se formou em torno dele, com forte presença  de skinheads.  Mais uma vez uma história de
mão única.
De fato os skinheads, que até o momento se encontravam em um período de decadência,  apoiaram-se  na  explosão  do  punk  para ressurgirem novamente, porém colocando-se como  continuadores  do  punk  “das  ruas”, através  do  Oi!,  em  uma  história  que  com  o advento da internet se tornou cada vez mais popular.
Quando  o  punk  passa  a  ser  apropriado  e cooptado  pela  mídia,  indústria  musical  e  da moda,  parte  da movimentação  punk  vai adentrando  um  caminho  de  produção  marginal  e  fora  das  grandes  gravadoras  e
imprensa musical, e se tornam escassas as informações  a  respeito  nestes  grandes  meios  para  aquel@s  que  não  estão próxim@s  destas  movimentações.  Muito longe de acabarem, seguiram cada vez mais para  as  propostas  de  faça-você-mesm@  e lutas libertárias. Assim, se por um lado havia street  punks  junto  a  skinheads  no  Oi!,  por outro havia uma crescente cena Peace-punk que criava suas próprias publicações, zines, gravadoras/selos  e produções  diversas,  se envolvendo em manifestações e movimentos sociais de forma cada vez mais politizada e libertária. De peace-punks surgiram diversos questionamentos  quanto  aos  valores envolvidos  no  Oi!  e  nestes  skinheads,  que para  além  de  toda  a  cultura  de  briga  e virilidade  masculina  que  frequentemente  destruía  as  gigs  e  eventos,  tinham  um  forte discurso  de  culto  as  tradições,  machismo  e orgulho à posição de operário, enquanto @s peace-punks  defendiam  a  destruição  das classes, questionando este orgulho de serem explorad@s.  São  exatamente  estes  valores que  vemos  prevalecer  até  os  dias  de  hoje nas  músicas  e  práticas  de  grupos  que  se reivindicam  como  Oi!,  e  que  para  nós  nada tem  a  ver  com  o  punk  enquanto  expressão contra-cultural.

 


   





2 bandas da finlândia uma dos 90's e outra dos 80's, pra quem diz que na europa é diferente



O Oi!, inicialmente apenas uma gíria cockney com  significado  de  saudação,  foi  o  nome dado pelo jornalista Gary Bushell, a partir de uma  música  da  banda  Cockney  Rejects. Bushell  odiava  a  cena  Peace-punk  que  se desenvolvia  na  época  em  torno  de perspectivas  anarquistas,  igualdade  entre gêneros,  anti-racismo  e  intenso questionamento  político  e  social.  @s chamava  pejorativamente  de  “hippies anarquistas”,  e  utilizava-se  da  revista “Sounds”  para  atacar  constantemente  as atividades  do  Crass  e  da  Dial  House, comunidade  onde  viviam.  No  entanto,
algumas  “ofertas”  vieram  da  cena  Oi!,  que não  tiveram  sucesso:  Jimmy  Pursey,  da Sham 69, tentou formalizar um contrato com a  banda  Crass,  informando  que  poderia incluí-los  no  “Pacote  de  Pursey”  e  fazer  o “marketing da revolução”, dizendo que nunca conseguiriam  sem  ele.  A  proposta  foi negada,  mas  esse  fato  denuncia  ainda  a
forma  como  os  “expoentes”  da  cena  Oi! tratavam tudo isso.





Foi  através  da  mesma  revista  Sounds,  em 1980, que Bushell deu nome ao que seria o Oi!.  Ali  escreveu  uma  série  de  conceitos sobre  um  “novo”  punk,  e  apontava  várias bandas  como  representantes  desse  “novo espírito”.  Também  lançou  diversas coletâneas Oi! dos anos 80, com bandas queno  geral  falavam  sobre violência para passar
o  dia,  esmagar  nariz  de  hippies,hooliganismo,  culto  aos  músculos  e  orgulho operário,  como  a  Last  Resort,  que  em  uma de  suas  músicas  fala:  "Eu  estava  andando pelas  ruas  com  meus  amigos,  procurando um pouco de violência para passar o tempo,nós  encontramos  esse  hippie  idiota  e  ele tentou  fugir,  mas  eu  o  soquei  no  nariz  só para passar o dia..." Falando  sobre  o  Oi!  na  revista  Sounds, Bushell define:
"A mentalidade é essencialmente masculina, apesar  de  algumas  garotas  estarem envolvidas.  É  basicamente  o  que  John McVicar chamou de machismo...O machismo definido  corretamente  é  algo  sobre  honra, lealdade, força e resistência...O tipo de idéia que  me  atinge  como  um  ideal  muito  mais preferível  ao  bunda-mole  introspectivo
defendido pelos hippies" Outra citação sobre o Oi! é também bastante esclarecedora sobre qual sua mentalidade:
“Oi!  é  rock´n´roll,  cerveja,  sexo,  frequentar  gigs,  tirar  um  sarro,  puxar  briga.  É  a  nossa vida,  nosso  show,  nosso  mundo,  nossa filosofia”. (Garry Johnson, poeta e Oi!)





Com  o passar  do tempo as  gigs de bandas Oi!  foram  se  tornando  com  cada  vez  mais frequência  palco  para  as  brigas  e demonstrações  de  força  protagonizadas pelos  skinheads,  tornando  a  existência  de muitas  delas  quase  insustentável.  O skinhead  George  Marshall  relata  este
momento,  em  situações  onde  podemos  perceber  que  o  punk  também  vai  se tornando  alvo  da  violência  intolerante  dos  skinheads, e que podem ser encontradas em inúmeros outros relatos: “Na hora de acusar,
todos  os  dedos  apontavam  na  direção  do skinhead,  não  sem  motivo.  Em  se  tratando de violência nas gigs de punks, eram sempre os  skins  que  começavam  a  treta,  e,  se  não começavam, acabavam. Isso não quer dizer
que  todos  os  skins  estivessem  a  fim  de detonar  a  música  pela  qual  haviam  pago ingresso  para  curtir,  mas  era  um  problema crônico  que  se  tornava  insustentável.  Sempre  havia  um  suposto  skin  partindo  pra ignorância se o vizinho não tivesse o mesmo coturno,  suspensório,  cor  ou  distintivo  na roupa. De repente, virou passatempo praticar a  malhação  do  punk  (...)”  “Um  ou  outro quebra  pau  poderia  ter  sido  controlado  ou contornado. Mas a violência orquestrada em nome da política era algo bem mais sério. A questão  é  que  grande  parte  dos  skinheads
que  curtiam  o  som  da  Sham  e  de  outras bandas  Oi!  apoiava  o  National  Front  e  o British  Movement,  duas  organizações  de extrema-direita  cuja  militância    tinha crescido bastante àquela época.”Em  um  artigo  sobre  a  relação  entre  a  cena skinhead  e  a  música  de  caráter  nazista,  o historiador  Thimothy  Brown  fala  sobre  as
relações que o surgimento do Oi! possibilitou dentro  da  cena  skinhead  para  o  surgimento de  um  estilo  musical  de  extrema  direita, citando  alguns  acontecimentos  relevantes para entendermos este momento:“Um  evento  chave  para  estabelecer  a notoriedade  da  cena  skinhead,  e  que representou  a  articulação  simbólica  entre  o
gênero  musical  e  subcultura,  violência  e racismo,  é  a  tão  falada  “Southhall  riot”,  de julho de 1981. A revolta aconteceu em uma gig  na  Hambrough  Tavern,  na predominantemente  asiática  Southhall, subúrbio  oeste  de  Londres.  Southall  era  a principal  área  de  imigração  asiática  e também  um  forte  alvo  das  provocações  da
National  Front.  Southall  havia  sido anteriormente (abril de 1979) palco para dias de  confrontos  entre  a  polícia  e  a  juventude asiática  após  o  ativista  anti-racista  Blair Peach  ter  sido  assassinado  durante  uma manifestação  contra  uma  marcha  da National  Front.  O  alegado  fracasso  das autoridades  para  investigar  adequadamente o  assassinato  de  Peach  deixou  um  legado de  indignação  que  foi  exacerbado  pelos
frequentes  incidentes  de  “Paki-bashing.”




Com  apresentações  de  três  conhecidas bandas Oi!, The Business, The Last Resort e The  4  Skins,  a  gig  foi  vista  como  a  gota d´água  pelos  jovens  asiáticos  locais,  que acabaram com a apresentação queimando o lugar. 
Um  grande  número  de  skinheads  foi preso  na  confusão  que  se  seguiu,  e  a imprensa  se  mexeu  rapidamente  para estigmatizar  toda  a  cena  skinhead  como baluarte  da  extrema  direita,  apesar  do  fato da  National  Front  não  ter  nenhum envolvimento direto com a gig. O “pânico moral” resultante foi impulsionado pelo receio público sobre o segundo de dois álbuns  de  coletânea  Oi!  lançados  pela revista  Sounds  sob  o  estímulo  do  jornalista Gary  Bushell.  O  primeiro,  Oi!  The  Album, ajudou  a  lançar  o  movimento  Oi!  em novembro  de  1980.  O  segundo  álbum, lançado  apenas  alguns meses  depois  da revolta  de  Southhall, tinha  como  título  o trocadilho  infeliz Strength  Through  Oi! (uma brincadeira com o nome  da  organização da  era-Nazi  “Strength Through Joy”).  O álbum também  destaca  em sua  capa  uma fotografia  de  Nicky Crane,  um  conhecido skinhead  que  também foi  organizador  do
British  Movement  em Kent.  O  álbum  não  foi financiado  pela extrema direita, nem as bandas  ali representadas  eram necessariamente  de direita,  mas  as  conotações  direitistas  do título  e  arte  da  capa,  levadas  em  conjunto
com  a  violência  em  Southhall  e  os resultantes acusações de fascismo skinhead na  imprensa,  solidificaram  a  reputação  de direita da cena skinhead e da música Oi!. Ao  prever,  pela  primeira  vez,  um  foco musical para o  skinhead que era “branco”  –isto é, não tinha nada a ver com a presença de  imigração  caribenha  e  mínima  conexão com  as  raízes  musicais  negras    o  Oi! concedeu  um  foco  musical  para  novas visões  da  identidade  skinhead.  (...)  Conferindo  uma  expressão  musical  à identidade skinhead que era exclusivamente branca  (e,  diferente  do  punk  e  ska,  quase exclusivamente  masculina),  e  em  primeiro plano a violência como pilar do estilo de vida operário,  o  Oi!  concedeu  um  ponto  de entrada  para  uma  nova  marca  do  rock  de extrema-direita. Conforme  o  Oi!  passa  a  ser  associado  com “música  branca”,  a  relação  entre  causa  e efeito  foi  revertida:  para  além  de  skinheads adotarem  as  crenças  direitistas  e  expressálas  nas  músicas,  músicos  com  crenças direitistas  começaram  a adotar a cena skinhead –branca,  masculina, violenta  e  patriota  –como  campo  para  se expressarem.  Estes músicos  trouxeram novas  influências musicais  ao  Oi!,  criando uma  forma  híbrida  de “skinhead  rock”  que
mantém sua filiação com a  cena  muito  depois  de ter  deixado  qualquer semelhança  com  o  som “street  punk”  do  qual  o Oi! se desenvolveu.” Se,  por  um  lado,  parte dos  integrantes  destas bandas  tentaram  a  todo  custo  não  serem colocadas  como  fascistas,  seja  buscando participar de eventos contra o racismo ou por meio  de  artigos  de  Bushell  na  revista Sounds,  fato  é  que  esta  associação  foi  se tornando  cada  vez  mais  forte,  sobretudo pelas  práticas  e  valores  envolvidos  nesta cena.  Embora  na  maior  parte  das  vezes  o argumento  seja de  que tudo isto foi apenas uma deturpação da mídia,  há diversos fatos que  estão  aí,  contados  pelas  próprias pessoas que viveram a época, e que trazem mais uma vez a tona valores conservadores que  não  compartilhamos  de  forma  alguma.


Banda anarchxpunx da alemanhã anti oi

letra:
" (...)Foda-se! Foda-se! Foda-se! Foda-se! Foda-se a união! (...)"
" (...) (Seu) o patriotismo é apenas lixo orgulhoso de tudo, eu não me importo! 
Que tal uma opinião própria ou será que vocês não se atrevem? (...) "
" (...) Eu não quero festa com você, sua estupidez, eu estou de saco cheio! "