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domingo, 6 de janeiro de 2019

CAPITALISMO, ANTICAPITALISMO E ORGANIZAÇÃO POPULAR - PDF


    Antes do capitalismo, a grande maioria dos homens e mulheres possuía seus próprios meios de produção – terras, animais, instrumentos de trabalho – ou os dividia coletivamente com seus vizinhos. Nessa época, ninguém tinha aceitado vender seu tempo de trabalho para outra pessoa somente para sobre- viver; ainda não havia necessidade disso. Nessa época, nem o tempo e nem o
trabalho eram considerados mercadorias.
Por isso, o estabelecimento do capitalismo precisou de um longo processo de assalto dos meios de produção dos trabalhadores, das riquezas e recursos de povos inteiros das mãos dos produtores dire-
tos. Impedindo as pessoas viverem de acordo com as suas próprias decisões e costumes.

Esse processo de expropriação é o que se chama acumulação primitiva. Em termos históricos, ela significou, entre outras coisas, a expulsão de milhares de camponeses de suas terras na Europa e em outros lugares, para lhes obrigar a serem trabalhadores da cidade.
Também significou o saque colonial das riquezas de todo o mundo durante séculos, a imposição de governos coloniais sangrentos, o aniquilamento de grupos étnicos inteiros que se negaram à submissão, etc.
Há aqueles que crêem que a acumulação primitiva foi só um período de inauguração do capitalismo, uma espécie de “ponta-pé inicial”.
Outros acreditam que, na realidade, o capitalismo é uma grande e constante acumulação primitiva que só terminará quando o próprio sistema terminar. Em qualquer caso, está claro que o capitalismo é
um regime fundado sobre a violência.

   O capitalismo se apóia em uma ideologia própria, ou seja, em um conjunto mais ou menos organizado de idéias. Mas uma ideologia não é somente isso.
É também uma forma de falsa consciência, uma visão que sutilmente e sem assumir, transmite a mensagem de que a sociedade só pode se organizar da maneira da classe dominante. O liberalismo é a ideologia da burguesia.
O liberalismo sustenta que a sociedade é formada por indivíduos e que estes possuem certos direitos naturais. Os direitos dos indivíduos têm prioridade sobre a soberania do povo: nenhuma decisão da sociedade pode ir contra eles.
Por outro lado, a sociedade e o Estado devem participar o mínimo possível e deixar as coisas funcionarem, sem incomodar os indivíduos. O Estado só deve intervir quando se viola uma lei ou para oferecer alguns serviços básicos mínimos. Mas o que faz do liberalismo uma ideologia não é o que se fala, mas o que não se fala.
Em teoria, todos os seres humanos deveriam desfrutar de seus direitos naturais. Mas não se diz que alguns desses direitos estão desigualmente distribuídos.
Uma pessoa pode ter, em teoria, o direito de possuir um pedaço de terra, mas se toda a terra já é propriedade de outra pessoa, esse direito não significa nada. Se alguém está a ponto de morrer de fome porque outros se apropriaram de todos os alimentos, nenhuma lei protege seu direito à vida.
No liberalismo, o direito à liberdade significa fazer o que quiser, sem que ninguém coloque qualquer obstáculo. Porém, não são todos que possuem as mesmas possibilidades de fazer o que quiserem. E o que significa a liberdade de imprensa quando algumas poucas pessoas mandam nas grandes
redes de meios de comunicação?

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