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sábado, 12 de outubro de 2019

Crônica subversiva 2 - info 2018

Que fique claro que estamos contra a apropriação mercantilista de nossos mortos, eles não descansam em paz, não são inocentes,
nem mártires que possam virar lembranças mercantis, eles são inimigos da dominação e seguem em pé de guerra!

...contra os ilustres que tomam decisões sobre a economia global, ou seja aqueles que assinam leis e tratados estatais-empresariais que
saqueiam, dominam e escravizam a terra, animais, pessoas e tudo que para eles pode significar dinheiro.

A morte caminha com nós que odiamos a civilização.Ela não nos apavora nem nos desperta dilemas espirituais,tremendo sobre o momento em que nos encontre.
A morte caminha com nós os inadaptados, como caminham conosco nossos mortos, eles nos protegem sabendo que não temos medo dela.
A morte tem estado do nosso lado, ancestralmente, nos combates com nossos vizinhos, antigos povos guerreiros.
Na entrada de novos tempos, ela também chegou imposta pelos dominadores e temos afrontado séculos de ter a morte não somente conosco, mas contra nós.
A pesar disso, soubemos sair fortalecidos.
Inversamente, aqueles que impõem a morte sentem cada vez mais medo dela e até preferem nem falar dos mortos.
No entanto, xs mortos estão junto, como as montanhas que antes foram guerreirxs, como a onça que antes era o sábio e agora caminha na mata, como o Punky Mauri que segue sendo
o compa que impulsiona, inspira, e sai conosco pelas noites.
O dia do caos chega. Os corpos saem no encontro do inominável, do que quebra as correntes reais e mentais, a ação de sabotagem e destruição, o reencontro com a guerra
declarada contra os que chegaram para nos impor a morte.
Sorridentes, saímos das batalhas e num gesto de profundo afeto, mandamos nosso sentir de vida e de total rejeição ao que oprime, em acenos diversos, palavras em
línguas até desconhecidas.
O caos cobra sentido, pequenos, inesperados e efetivos golpes que a maquina recebe de um lado e outro.
Mais vivos do que nunca, agindo assim e nos encontrando, procuramos que viva a anarquia.


Da boa e má reputação

Compreenderá, agora, meu amigo,
que, para uma pessoa inteligente,
não pode haver pior castigo,
mais duro e inclemente,
que o duma boa reputação,
atribuída pelos donos de armazém,
que envenenam e nos roubam no pêso,
e pelos filhos da mãe,
que nos levam preso.
Tenho por isso a opinião
de que devemos sempre fomentar,
à nossa volta,
como prudente escolta,
uma salutar
atmosfera de má reputação,
que permita manter-nos sempre sós,
intactamente nós,
distantes do louvar das multidões
dos imbecis,
dos vis,
dos Catões.

Roberto das Neves
Assim cantava um cidadão do mundo (1952)


Por favor não tenham medo
Por favor não tenham medo. Santiago não apareceu boiando no rio porque "pensava diferente", não esteve desaparecido todos estes dias por postar automaticamente a mesma pergunta no Facebook. Ele estava paralisando uma estrada, com seus compas; eles estavam encapuzados confrontando à Gendarmeria que trabalha sob o mandato dos ricos deste ou de qualquer outro país. E faziam isso não porque eles acharam uma boa ideia, mas porque trata-se da luta da humanidade contra o capital desde
que ele existe. A maior parte da gente que hoje reclama por ele o teria acusado de infiltrado.
Mas, eles não reclamam por Santiago, reclamam por mais leis, mais Estado e mais controle, eles
reclamam por sua segurança para manter tudo na ordem. Mas eu insisto, que ninguém sinta medo, se não se envolvem em nada, nada vai-os acontecer. Aquilo de "alguma coisa terão feito...", é certo. Não apresentem aos assassinados pelo Estado como se fossem ingênuos e inofensivos cachorros, porque eles morreram lutando.
Aos companheiros e companheiras., não tenham medo, estamos juntos.

Palavras do Facundo Jones Huala, 21 de outubro de 2017.
(retirado do Manual de Poesia n° 1)