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domingo, 26 de agosto de 2018

Conluio n°1


... uma postura acrítica faz-nos ser iguais a nada, porém a vida é bem mais complexa e se nós pensarmos enquanto punks e libertários, 
continuaremos a nos questionar, negar e até nos fecharmos. Se isso é entediante para você, apenas mais um blá blá blá, feche essa merda, vá procurar um bom emprego, 
conhecer gente esteticamente perfeita, ponha seu besteirol eclético em prática e consuma desesperadamente.
Finalmente você se achou no mundinho liberal dos seus sonhos, sobreviva como quiser e nos deixe em paz, com nossas rebeldias e ideais utópicos ou sem futuro.
Essas são as nossas escolhas, nossas vidas, nosso modo de ser e ver x punk, nosso amor ao ódio... UP THE PUNX!!


A expressão de nossas idéias na transgressão dos padrões da produção musical.

Acreditamos que os nomes das bandas punks refletem a própria ideologia que compõe x punk.
Vemos facilmente que estes giram em torno de temas como resistência, niilismo, inconformismo, iconoclastia, cosmopolitismo, insubmissão, pacifismo, etc.
Enxergamos, todavia, a produção musical nx punk como algo que vai além das letras politicas, nomes criativos e o tradicional ruído dx punk/hardcore.
Ampliação do nosso campo de vivência, atuação e ruptura; sufocamento da relação ídolo x fan; crítica pratica aos grandes e loucos-para-ser-grandes selos e gravadoras
do meio alternativo ou não; alternativa e repúdio efetivos ao lixo musical produzido para provocar babas e adorações, quase louvores, entre as cabeças ocas
do dito meio "underground": isso para nós é a musica punk!

Rechaçamos a ideia de que o punk se constitui apenas música. Consideramos a questão sonora apenas como um dos diversos aspectos, de igual importância,
que compõem a personalidade dx punk. Assim, a entendemos não como algo meramente isolado, porem como uma continuação de nosso cotidiano, da nossa crítica e
vivência enquanto punks. Não há separação entre o individuo e que ele pratica em seu dia-a-dia, ou o que ele produz sonoricamente e que canta em suas letras.
Não vemos sentido na existência punk (ou melhor, na tentativa de) de indivíduos que cantam musicas contra a guerra  e praticam a violência gratuita, que falam
em liberdade e se orgulham de um comportamento machista, homofóbico.
Não faz sentido ser punk e escrever uma música sobre o tamanho de seu pênis ou outras coisas tão esdruxulas. Isto é ser idiota e não ser punk. 
Nossas bandas devem buscar romper com a relação entre quem está em cima, no palco, em quem está em baixo, na platéia. 
O momento de apresentação de uma banda punk deve ser também o momento de vivência de diversos aspectos da cultura punk.
As idéias  devem ser discutidas com calma, as produções em geral e a história devem ser apresentados, outras manifestações contraculturais que os indivíduos 
que compõem uma cena devem ser mostrados de igual para igual e não de artista para consumidor. Isto é alternativo, isso é punk. 
O espetáculo/show deve ser morto, o ídolo deve ser queimado e o fan, no mínimo, deve sofre um transplante cerebral. Radical demais? Achamos que não.
A sociedade hodierna tem, como um de seus sustentáculos, o espetáculo. Ela deixa bastante claro para cada um que papel deve representar no convívio social 
e até onde o espectador pode ir.
Vivemos assim: quem faz melhor o show é escolhido presidente, sendo o papel do eleitor apenas o de votar; quem fizer melhor o show é escolhido como o vencedor do programa
de "vida real", e o papel de espectador é votar e dar audiência (dinheiro) para a televisão (anunciantes); quem fizer de sua vida o melhor show, 
conseguirá entrar para os livros de história, sendo o papel do estudante ser indocrinado, ou melhor, aprender. 
Alguns indivíduos e bandas que se dizem punks não vêem nada demais em reproduzirem o fanatismo e a mediocridade do espetáculo da civilização moderna.
O único motivo lógico para isso é a bestial busca por STATUS. Isso mesmo! Indivíduos de existência frustradas, 
parasitam no meio punk para satisfazerem seus estúpidos egos de rock"n"roll punk stars, muitas vezes porque não conseguiram isso em outros meios. 

Será isso ser uma banda punk? Que valor está sendo transgredido? Que moral está sendo corrompida? Que revolução individual, quiça social, está sendo feita ou transmitida?
Que padrão está sendo quebrado? Nós propomos o inverso: ainda existe punk, ainda existem bandas punks. E da forma mais clara possível dizemos: rockstars ego bastards,
caiam fora do meio punk!
 Somos uma cultura de caráter urbano, nossa vivência, todo nosso aparato urbano e nossos sentidos estão intimamente ligados a essa estrutura citadina ao concreto, vidro, 
asfalto, e grande movimentação! Então por isso estamos no campo das mentalidades, nada da estrutura urbana está ali por acaso essa sociedade foi toda pensada.

Creio que se há exaltação é por que se faz uma ligação com o sentimento punk libertário, mas que há de libertário numa favela ou periferia qualquer?
Qual sentimento acrata desenvolvido? Estamos num lugar de resignação, constante vigilância e alienação política, mas precisamente grandes currais de ovelhas eleitorais
e servidoras da religião. Tudo bem, pobres e marginalizados? Sim, mas nem por isso deixam de sustentar vícios sociais e aceitar o lugar de exclusos!
Nem nós mesmos somos aceitos e até violentados na convivência diária com os mesmos explorados. É isso que exaltamos? Ou exaltamos o caos? Mais um jargão!

Por que ligar essa precariedade a um possivel estado de mutação caótico? Isso não é caos isso é descaso, politica pública e corrupção, 
é uma "guerra contra o pobre" em que sua derrota está atestada. Desde o bra$il republica quando todo espaço urbano vai ser pensado e reconstruído a partir
de uma lógica eurocentrista e antropocêntrica, onde uma aparteid social é feito numa divisão classista e racista sem o menor respeito a privacidade daqueles que eram
os expurgos sociais porque não se enquadravam nos padrões de modernidade oriundos da europa. Negros e mestiços são expulsos das regiões centrais,
jogados para os arrabaldes onde poderiam feder e morrer de suas "epidemias", pra que as cidades fossem assim desinfetadas e agradassem aos olhos do estrangeiro.
Um grande erro histórico que vem se cometendo até hoje, pois esquecem que sua maldita riqueza é mantida pela existência desses milhares de miseráveis.

O que sustenta em nós esse sentimento? Que evidentemente é um sentimento bairrista sem muitos fundamentos, beirando a superficialidade.
Então esquecemos nossos sentimentos internacionalistas e apátridas? Por que nos prendermos a um pedaço de chão ou uma arquitetura formada por fatores políticos culturais
e econômicos totalmente alheios a nós? Estamos exaltando o mental ou o físico dessa estrutura? Estamos demonstrando que aceitamos nosso papel como classe dominada?
Ou somos apenas mais uma gangue de jovens estúpidos defendendo seu território? Não estamos mais nos anos 80 amigxs, x punk tem muito mais o que pensar além de questões simplistas
sobre a falta de emprego ou a bomba que vai estourar, estamos em guerra e o terror e o medo nos cerca de todos os lados isso reconheço.
Mas o que se refugiar com sua bebida em um subúrbio vai trazer de diferente pro cotidiano ou pra uma vivência punk? Não queremos ser ricos nem pobres, 
queremos dignidade roubada por esse sistema econômico, político e religioso, queremos ter o domínio de nossas vidas!

Mas não quero excluir de um todo que se haja realmente um sentimento confuso, mas sincero por parte de muitos. 
Por isso uma reflexão pra encerrar. Será que também, por outro lado, esse orgulho de uma situação suburbana, pode representar uma expressão de revolta contra a riqueza 
e contra as classes dominantes? Pode ser o real sentido para alguns, mas creio que para dizermos que estamos vivendo uma cultura que não foi pensada por eles 
e que muito pelo contrário se põe contra toda essa estrutura de desigualdade social, ou seja, assumir sua marginalidade como reação a toda essa canalhice, não é necessário
se valorizar um espaço urbano. Não se pode enxergar uma determinada parte da cidade como a única capaz de formar ou comportar indivíduos punx/libertários.
Esse sentimento só pode ser encerrado com uma expressão de conformismo e aceitação de uma situação de desigualdade e exploração, uma alienação bairrista.
 *punkzine tamanho A4  24 paginas... coletânea de textos, manifestos, poesias marginais, releases de bandas, eventos, produções "individuais", anti-skinhead, anti-oi!, anti-fascista, anti-nazi, resenhas, fotos, colagens, receitas, existencialismo, queer, reviews, anti-sexismo...


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