Obedecer
é morrer. Cada instante em que o homem se submete a uma vontade estranha é um
instante que na sua própria vida ele elimina.
Quando
um indivíduo se vê constrangido a efetuar um ato contrário ao seu desejo ou
impedido de agir de acordo com a sua necessidade, deixa assim de viver a sua
vida pessoal; ao mesmo tempo que o homem que dá ordens aumenta a sua dominação
da vida, sugada à energia dos que se lhe submetem, aquele que obedece
aniquila-se, vê-se absorvido por uma personalidade que lhe é estranha, passando
a ser apenas força mecânica, ferramenta ao serviço de um dono.
Quando
se trata da autoridade exercida por um homem sobre outros homens, por um
soberano despótico sobre os súditos, por um patrão sobre os empregados, por um
senhor sobre os criados, imediatamente se percebe que esta personalidade
emprega a vida dos que lhe estão submetidos para dar satisfação aos seus
prazeres, às suas necessidades ou aos seus interesses; ou seja, para melhorar e
ampliar a sua vida pessoal em prejuízo da deles.
Aquilo que em geral não se percebe tão facilmente é a nefasta influência, em
tudo isto, das autoridades de ordem abstrata: as idéias, os mitos religiosos ou
de outro género, os costumes, etc. E no entanto todas as manifestações
exteriores de autoridade têm origem numa autoridade mental. Nenhuma autoridade
material, seja ela a das leis ou a dos indivíduos, contém atualmente força e
razão em si. Nenhuma se exerce realmente por si mesma, todas se
baseiam em idéias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário